Saúde

Poluição e microplásticos podem ter relação com casos de dermatite atópica

Imagem mostra pessoa com dermatite atópica no braço
Dermatite atópica causa bastante coceira e ressecamento da pele. Foto: Depositphotos

Nos últimos anos, especialistas observaram aumento nos casos de dermatite atópica (DA). Estudos recentes indicam que poluentes ambientais, especialmente microplásticos, desempenham um papel significativo na modificação da barreira cutânea, tornando-a mais permeável e desencadeando respostas inflamatórias que podem agravar essa condição.

A dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma condição crônica da pele que afeta cerca de 15% a 20% das crianças e 3% a 7% dos adultos globalmente. No Brasil, estima-se que a prevalência siga uma tendência semelhante à média mundial, com incidência maior em crianças.

Resultante de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos, o paciente com dermatite atópica apresenta sintomas que geralmente incluem:

  • Coceira intensa, quase inável
  • Pele seca e escamosa, propensa a fissuras
  • Inflamação da pele e vermelhidão
  • Erupções cutâneas que podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas são mais comuns nas dobras dos cotovelos, joelhos e pescoço.

“Microplásticos, partículas plásticas com menos de 5 milímetros resultantes da degradação de plásticos maiores, estão presentes em nosso ambiente. Eles foram detectados não apenas no solo e na água, mas também no ar que respiramos. Evidências recentes revelaram a presença de microplásticos em locais preocupantes como sangue, leite materno e até mesmo na placenta humana”, conta Márcia Carvalho Mallozi, Coordenadora do Departamento Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Além disso, segundo Mallozi, o expossoma, que é a interação entre o ambiente externo e os fatores internos do corpo humano, incluindo o microbioma da pele, podendo alterar os sistemas biológicos. “Um microbioma desequilibrado, onde bactérias benéficas são menores que bactérias potencialmente prejudiciais, pode comprometer a integridade da pele e facilitar o desenvolvimento de condições como a dermatite atópica”, explica a especialista.

A crescente urbanização e industrialização têm intensificado a exposição a vários poluentes, incluindo fumaças industriais e produtos químicos domésticos. O ambiente urbano, somado às alterações climáticas e eventos extremos como tempestades e incêndios florestais, contribui significativamente para a deterioração da qualidade do ar e do ambiente que nos cerca.

Mallozi comenta ainda que a Amazônia, frequentemente denominada o pulmão do mundo, sofre com queimadas e desmatamento acelerados, agravando ainda mais o impacto da poluição atmosférica. “Esses fatores, combinados, criam um cenário preocupante para a saúde pública, com a dermatite atópica emergindo como uma das doenças mais prevalentes em decorrência dessas mudanças ambientais”, acrescenta a Coordenadora da ASBAI.

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